Ainda ontem falámos com o Luís Pereira para saber o que ia na cabeça de quem se preparava para correr 87km.
E hoje? O que terá para dizer?
Para trás ficam os números, foi o 132.º atleta a cortar a meta, o melhor Português e ao pescoço uma ‘silver medal’, que premeia todos aqueles que cruzam a meta entre as 6h e as 7h30 de prova, não é para todos é para muito poucos!
Tinha razão quando lhe lancei o desafio e nunca duvidei de uma excelente prestação.
Pouco tempo depois de terminada a prova falámos novamente com ele…
Como foi correr a Comrades?
Participar na Comrades foi o cumprir de um sonho. Primeiro por ter um fascínio especial pela África do Sul onde tenho família chegada e depois por poder fazer parte da história desta corrida que conta já com 92 edições! Uma das corridas mais antigas do mundo e uma das mais participadas. Quanto ao resto, foi um misto de surpresa e ida ao desconhecido.
Levei grande malha, como seria de esperar… Não sabia com o que contava nem a nível do percurso nem a nível de mim, nunca tinha ultrapassado a barreira da clássica Maratona. Corri dentro do que tinha estipulado, um pouco travado, para conseguir chegar dentro das 6h30/7h00, esse objectivo consegui atingir, com relativa facilidade.
O que guardas desta corrida?
Vou guardar da Comrades todos os sentimentos que percorreram o meu corpo e aminha mente, mas essencialmente levo a forma como psicologicamente resisti a alguns problemas que fui encontrando, tive momentos muito maus, especialmente a nível fisiológico, tive de parar duas vezes com perda de ritmo e de tempo que se reflectiram depois no resto da corrida. Mas consegui lutar contra mim e concluir com um tempo, para a estreia, que não me envergonha. Para isso contribuíram todos os meus amigos que me foram dando força e especialmente a minha prima e alguém que me diz muito que nunca me deixou ir abaixo apesar de tudo, fizeram tudo para poderem estar em vários pontos do percurso, não tenho como agradecer..
És hoje um atleta e um homem diferente?
Todas as experiências na vida acabam por nos alterar, o atletismo fez de mim outra pessoa e a Comrades obviamente não será diferente, testei os meus limites, cumpri um sonho, fui feliz.
Ainda muito a quente… É pra voltar?
Muito a quente… Diria que qualquer pessoa que venha a África do Sul quer voltar e quem corre a Comrades vai querer certamente conquistar a medalha Back to Back que é oferecida a quem completa a edição a subir (este ano) e a edição a descer (para o ano que vem), chamadas Up Run e Down Run.
A Up Run tem uma altimetria medonha, 1700m d+ e 1000m d-. Não sei qual será a pior mas um dia poderei dizer…
Certamente…