Sapatilhas e a Sua Influência no Rendimento

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Quando o objetivo é a constante busca de melhorar tempos os atletas procuram tirar partido do mais mínimo detalhe. Presentemente existe um grande debate sobre qual a melhor opção: usar um calçado minimalista ou um calçado tradicional ‘tecnológico’. Os argumentos abundam quer dum lado quer do outro, ou não se tratasse de uma questão comercial para as diversas marcas.
Na prática o que procurámos saber foi: Posso melhorar o meu rendimento sem a necessidade de alterar o meu treino? A resposta é… SIM.

sapatilhas

Anteriormente introduzimos o tema sapatilhas e deixámos alguns conselhos na hora de escolher um novo par, aqui.

Peso das Sapatilhas, Consumo de Oxigénio e Economia de Corrida

Mesmo que pareça estranho os estudos demostram que sim. Podemos continuar a treinar o mesmo número de horas sem necessidade de aumentar a intensidade e ainda assim melhorarmos a nossa economia de corrida baixando o consumo de oxigénio com o simples facto de diminuir o peso das nossas sapatilhas.

por cada 100gr nos pés o consumo de oxigénio aumenta entre 0,7 a 1%

Se analisarmos a bibliografia apresentada verificamos que existe uma relação entre o peso das sapatilhas e o rendimento, mas não esperem números ‘milagrosos’… A ciência demostra que por cada 100gr nos pés o consumo de oxigénio aumenta entre 0,7 a 1%.
Os atletas com experiencia sabem isso até porque é algo perceptível não é estranho o facto de olharmos para o pelotão da frente de uma qualquer corrida e verificar que o calçado usado é o chamado calçado de competição.

O calçado de competição não é mais do que um calçado leve e com uma relação de compromisso entre amortecimento e rigidez.

À primeira vista estes números parecem baixos mas também não é assim! Na prática o que significa um aumento de 1% no consumo de oxigénio por cada 100gr de peso extra das sapatilhas (50gr em cada pé)?

Pegando no exemplo de um indivíduo cuja condição física lhe permita correr 5km em 20 minutos estaremos a falar de qualquer coisa como 2,1m/min mais lento. Isto significa que passaria a correr os 5km em 20:11 se bem que pareça pouco isto traduz-se num aumento de 1min38s quando a corrida em causa seja uma maratona!

Se bem que ao considerar uma maratona os fatores em jogo são muitos e correndo o risco deste tipo de extrapolação estes são os números e não são de todo desprezáveis.

Ter em Conta que:

Se estamos acostumados a correr com um calçado tradicional, com maior proteção, amortecimento, menor rigidez e passamos para um calçado mais ‘minimalista’ sem fazer uma correta transição podemos correr o risco de não só não existir um aumento do rendimento como ficarmos sujeitos a alguma lesão.

Caso este texto vos desperte a curiosidade e vontade de experimentar um calçado de ‘competição’ não se esqueçam que a prudência e adaptação progressiva deverão ser tidas em conta.

Se é Assim, Porque Não Correr Descalço?

Bem a resposta é rápida e óbvia. Não me parece que se consiga correr sobre uma superfície a que não estamos acostumados com a mesma velocidade sem um mínimo de proteção.

A solução será encontrar um calçado com o mínimo de proteção que precisamos, que nos proteja minimamente e que nos ajude a aumentar o nosso rendimento contribuindo para um aumento da economia de corrida.

É Necessário Treinar para Poder Tirar Partido

Como em tudo e tratando-se de uma alteração ao que estamos acostumados é necessário uma correta adaptação e seguidamente treinar uma grande parte do volume de quilómetros para que efetivamente no dia da corrida possamos render a 100% e aproveitar a vantagem que este tipo de calçado nos pode oferecer.

Alguns números a ter em conta

Relativamente a valores ‘aconselhados’ em relação aos estudos referidos no que toca a amortecimento quando se comparam zero amortecimento, 1 cm e 2cm a opção que conduz aos melhores resultados é 1cm.

Em relação ao peso quando se comparam sapatilhas com mais de 220gr e menos de 220gr verifica-se que quanto mais próximo de 220gr de peso (valor máximo) menos irá interferir com o consumo de oxigénio.

Notas Finais

Como é evidente as sapatilhas são apenas mais um dos fatores a ter em conta. A experiência em corrida descalço, tipo de ataque do pé ao solo (técnica de corrida), material do calçado também influenciam o custo metabólico/consumo de oxigénio.


Bibliografia:

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